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Margaret Hamilton: A mulher que levou o Homem à Lua

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08 outubro 2025
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Antes de o Homem dar os seus primeiros passos na Lua, uma mulher já tinha escrito o código que o levaria até lá. No auge da corrida espacial, em plena década de 60, quando a NASA sonhava em alcançar o impossível, uma engenheira de software — termo que ela própria ajudou a criar — tornou-se a mente por trás de uma das maiores proezas tecnológicas da história. O seu nome: Margaret Hamilton.

Início da Vida e Formação

Margaret Hamilton nasceu a 17 de agosto de 1936, em Paoli, Indiana, nos Estados Unidos. Desde cedo, demonstrou uma curiosidade natural pelas ciências e pela matemática, o que a levou a estudar Matemática na Universidade de Michigan e mais tarde no Earlham College, onde concluiu o curso em 1958.

Naquela época, o mundo da ciência e da tecnologia era dominado por homens. No entanto, Margaret nunca se deixou limitar pelas convenções sociais. A sua determinação e fascínio pelo potencial dos computadores abriram-lhe as portas para uma carreira que mudaria a história.

Do MIT à NASA

Nos anos 60, Margaret começou a trabalhar no MIT (Massachusetts Institute of Technology), no desenvolvimento de software para sistemas de defesa aérea. O seu talento rapidamente chamou a atenção da NASA, que, na altura, preparava o Programa Apollo, com o ambicioso objetivo de levar o Homem à Lua.

Margaret tornou-se diretora da Divisão de Engenharia de Software do MIT Instrumentation Laboratory, responsável pelo desenvolvimento do sistema de navegação e controlo de voo do Módulo Lunar Apollo. Ela liderou uma equipa de programadores que, sem ferramentas modernas, criaram código à mão, linha por linha, muitas vezes em cartões perfurados.

O Nascimento da “Engenharia de Software”

Numa época em que o software era visto como algo secundário em relação ao hardware, Margaret começou a usar o termo “software engineering” — “engenharia de software” — para afirmar a importância e a complexidade do trabalho que realizava.

Inicialmente, muitos colegas riram-se da expressão. Mas o tempo viria a provar que Margaret tinha razão. Hoje, a engenharia de software é uma das áreas mais fundamentais da tecnologia moderna — e devemos-lhe, em parte, esse reconhecimento.

O Momento Histórico: Apollo 11

Em 1969, o Apollo 11 preparava-se para a sua missão lendária: pousar na Lua. Durante a descida do Módulo Lunar Eagle, o computador começou a emitir alarmes inesperados. Uma falha de sistema podia ter abortado toda a missão.

Mas o software criado por Margaret e a sua equipa estava preparado. Graças a um sistema de prioridades inteligentes — que ela própria concebeu —, o computador conseguiu ignorar tarefas não essenciais e concentrar-se nas mais críticas. O resultado? O Eagle pousou com sucesso, e Neil Armstrong pôde pronunciar as palavras que mudaram o mundo:

Um pequeno passo para o Homem, um salto gigante para a Humanidade.

Sem o trabalho meticuloso de Margaret Hamilton, esse salto talvez nunca tivesse acontecido.

Legado e Reconhecimento

Depois do programa Apollo, Margaret fundou a sua própria empresa, a Hamilton Technologies, Inc., dedicada a desenvolver metodologias inovadoras de design de software. O seu legado foi amplamente reconhecido: em 2016, recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta distinção civil dos Estados Unidos, entregue pelo então Presidente Barack Obama.

A fotografia icónica de Margaret ao lado das pilhas de código do Apollo — tão altas quanto ela própria — tornou-se um símbolo de engenho, dedicação e de uma era em que o impossível se tornou possível.

Inspiração e Impacto Cultural

Mais do que uma engenheira brilhante, Margaret Hamilton tornou-se um símbolo de resiliência e inovação. O seu exemplo inspirou gerações de mulheres a seguir carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (as chamadas áreas STEM).

Hoje, o seu nome aparece em livros, exposições e filmes sobre a corrida espacial.